"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-Ias voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória”
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Henri Cartier-Bresson

sábado, 30 de outubro de 2010

SÉRIE RECÔNCAVO - SÃO FELIX & CACHOEIRA

São Felix, conhecida como cidade presépio, fica localizada no Recôncavo baiano entre a serra e a margem direita do Rio Paraguaçu. 



Caminhar pelas ruas de São Félix é uma oportunidade de contato direto com o passado. Pode-se até imaginar os saveiros que aportavam à beira do rio Paraguaçu, carregando os produtos do campo para a capital baiana.






Marcada pelo desenvolvimento da indústria fumageira, com a instalação das fábricas de charutos Suerdieck e Dannemann dentre outras, além do cultivo do dendê e um forte comércio de estivas, secos e molhados.




No local onde funcionou em tempos aureos a famosa industria de charutos Dannemann, hoje, encontra-se instalada a Casa da Cultura e Centro Cultural Américo Simas, Importante acervo cultural da região.



Hoje o velho barco abandonado no leito seco do rio nem de longe lembra os vapores que partiam ou chegavam de acordo a maré. Quando não coincidia a chegada do vapor com a do trem, Cachoeira se tornava uma cidade muitíssima movimentada.






Também é conhecida por ter se destacado durante as lutas e mobilização social para a Independência da Bahia juntamente com a vizinha Cachoeira.














Ponte Imperial Dom Pedro II sobre o Rio Paraguassu, Bahia, entre as cidades de São Felix e Cachoeira. 


A Ponte passou recentemente por um processo de reformas em sua parte estrutural. Os passadiços de madeira do vão central, onde passam os carros e o trem, foram substituidos por chapas metálicas.


Antes da Ponte Imperial Dom Pedro II, o sertão ligava-se ao Recôncavo baiano através da via ferroviária até São Felix, e da zona portuária de São Félix e Cachoeira, ligava-se à Baía de Todos os Santos através da via flúvio-marítima. 

A Ponte Imperial Dom Pedro II teve a sua construção concluída em 1885, ampliou assim a malha ferroviária até Monte Alegre, em Minas Gerais. 



A implantação da ponte ligando Cachoeira a São Felix e a subseqüente ampliação da malha ferroviária ensejou a construção do cais do porto.
 
Resta ao caboclo com iresignada perseverança, continuar a retirar do seu velho companheiro de agonia, o rio, os recursos para a sua sobrevivência.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SÉRIE RECÔNCAVO - SÃO FELIX & CACHOEIRA

Déjà vu. Já ouviu falar na estranha sensação de já ter estado em um lugar em que provavelmente nunca tenha passado ou que de algum modo nunca tenha mantido contato na vida? 

Pois bem, começo as postagens de fotos da Estação Férrea Central da Bahia pelo fato de ter aqui experimentado a estranha sensação de estar revivendo uma experiência passada, embora sabendo ser impossível que ela de fato tenha algum dia ocorrido.



De cara, a imponência da construção nos conduz a imaginar a existência de um fluxo econômico que justificasse a edificação de um predio deste porte, bem como o burburinho dos viajantes que por aqui passavavam atraindo carregadores de ganho e vendedores ambulantes como é próprio de locais de transbordo de cargas e passageiros


Segundo fontes locais, a Estação Ferroviária data do inicio do século XIX constituindo-se no símbolo do desenvolvimento da região do recôncavo baiano, uma vez que através dela, tornou-se possivel o escoamento de mercadorias para a capital, Minas Gerais e Nordeste.



Longe do seu apogeu, a rede ferroviária hoje ainda mantem-se ativa com o transporte de cargas entre Minas, Bahia e parte do nordeste.





Pode-se imaginar a Gare cheia de pessôas com seus baús e malas de couro à espera da composição que dali partirá para a capital, ou seguirá rumo ao nordeste ou Minas Gerais em uma longa viagem.

O mais difícil de entender é como um espaço de importância histórica como este possa enfrentar tal decadência se a sua utilização como um "Centro de Cultura" poderia ser útil ao resgate da importancia histórica de toda esta região.




Hoje, como lembrança dos bons tempos resta uma locomotiva estacionada a espera das composições. Essa locomotiva é engatada no fundo da composição que chega, ajudando-a a vencer a serra “empurrando-a”. No fim da serra, essa locomotiva é desengatada e volta para  a estação de São Félix para auxiliar o próximo trem que por ali passar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma homenagem ao poeta e fotógrafo DAMÁRIO DA CRUZ

Crédito desta imagem - José Inácio Vieira de Melo / Cavaleiro de Fogo




DAMÁRIO DA CRUZ – cachoeirano de coração e por reconhecimento – morreu vítima de câncer no pulmão; na madrugada do dia 21 de maio de 2010, aos 56 anos, em Salvador. 


Poeta, fotógrafo, e produtor cultural,  Damário espalhou sua poesia mundo afora e proporcionou á cidade de Cachoeira um grande atrativo cultural com a criação do espaço Pouso da Palavra, fundado em 2001. Além de expor suas fotografias e criações literárias, O Pouso abriga produções de outros artistas; como também utensílios, movéis, cds e curiosidades trazidas de suas viagens feitas por diversos países. 

Deixou o fotógrafo em Cachoeira, uma janela do tempo para o POUSO DA PALAVRA. Aqui, a sua essência de poeta materializa-se em sua arte, e na arte de tantos quantos  com a licença do poeta, impregnados pelos mesmos sentidos materializam sonhos.




"O Pouso abriga a palavra de todos que queiram se expressar. Ele nasceu para provocar a criatividade das pessoas, descobrir novos talentos e fazer o que chamo de manutenção de sonhos. Apesar de toda a automação do século XXI, continuo achando que a palavra e a sua redescoberta serão a grande novidade do novo milênio".

Damário da Cruz 


 Atelier do poeta & fotógrafo Damário da Cruz  - POUSO DA PALAVRA


DEVARNIER HERMOGENES - A inexorável desilusão acerca do gênero humano. Acrílica sobre tela, 140x110cm, 1999.Obra exposta no POUSO DA PALAVRA

Obra exposta no POUSO DA PALAVRA


DEVARNIER HERMOGENES - A solidão provocada pela lucidez é intraduzível - Acrílica sobre tela,, 140x110cm, 1999.Obra exposta no POUSO DA PALAVRA


Obra exposta no POUSO DA PALAVRA


Ao fotografo, e poeta DAMÁRIO DA CRUZ nossas homenagens e agradecimentos pela janela do tempo, onde através do espelho d’alma, amigos e admiradores do seu trabalho poderão contemplar a sua arte no Pouso da Palavra:
 
O POUSO DA PALAVRA

A voz do poeta calou-se,
Cachoeira silenciou.
O poeta já não canta mais o encanto do rio,
Que ao longo do tempo os seus olhos  seduziu.

Mas corre a boca pequena, uma curiosa cantilena.
Sobre um fotógrafo que habitando a alma do poeta
Partilhava deste convívio nos cômodos do seu coração
E encantado pelos sonhos que o poeta aos ouvidos sussurrava 
Ansiava em levá-los aos olhos de quem os enxergasse com emoção.

Desde então...
Mesmo antes que o poeta em "Gran finale" anunciasse sua partida,
Deixou o fotografo em Cachoeira uma janela do tempo.
Onde através do espelho d’alma
Pode-se hoje contemplar o Pouso da Palavra do poeta.

Autor:  Juray de Castro
 
- maio de 2010




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SÉRIE RECÔNCAVO - CACHOEIRA

Considerada monumento nacional e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1971, Cachoeira, é depois de Salvador a cidade que reúne o mais importante acervo arquitetônico no estilo barroco.
 
Situada no Recôncavo Baiano, às margens do Rio Paraguaçu, a cidade teve seu apogeu econômico nos séculos 18 e 19, quando seu porto era utilizado para escoamento da produção de açúcar e fumo para a Europa.


No século XIX a cidade teve projeção na história política nacional. quando dali ecoaram os primeiros gritos contra a opressão portuguesa, visando a criação de um movimento organizado em prol da independência do Brasil. 

A cidade foi capital da Bahia independente durante 16 meses, assim como em 1837,       durante a Revolta da Sabinada.




Circular pela cidade nos conduz a um cenário cinematográfico através de casarios, igrejas e monumentos históricos que nos remete ao Brasil dos tempos do Império Português.
  Cachoeira é uma das cidades baianas que mais preservou a sua identidade cultural e histórica com o passar dos anos, o que a faz um dos principais roteiros turísticos históricos do estado. 


Dada a importancia do Patrimônio historico, a cidade conta com o Monumenta,  programa estratégico do Ministério da Cultura que procura conjugar recuperação e preservação com desenvolvimento econômico e social atuando em cidades históricas protegidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Sua proposta é de agir de forma integrada em cada um desses locais, promovendo obras de restauração e recuperação dos bens tombados e edificações localizadas nas áreas de projeto. 

A Casa de Câmara e Cadeia, foi sede do governo baiano, e a partir daqui oganizou-se a resistência, ao Império Português e a luta pela proclamação da independência.
 

A participação de Cachoeira na luta pela independência da Bahia é retratada pelo pintor Brasileiro Antônio Diogo da Silva em sua obra "O Primeiro Passo para a Independência da Bahia" (1931).



A cidade é oficialmente a sede do governo da Bahia nos dias 25 de junho desde o ano de 2007 quando mediante lei estadual ficou determinada a transferência. Em 25 de junho de 2008 o governador e seu secretariado consolidaram a homenagem despachando da nave principal do Convento do Carmo.


Igreja da Ordem Terceira do Carmo, composta pela Igreja e Casa de Oração, tem como destaque a coluna e o altar no estilo Barroco, revestidos em ouro e imagens em madeira com traços orientais.




A imponência do seu casario barroco, das suas igrejas e museus, levou a cidade a alcançar o status de "Cidade Monumento Nacional" e "Cidade Heróica" pela participação decisiva nas lutas pela independência do Brasil.


 O adobe, emprestado da construção tradicional portuguêsa está presente na maioria das construções, onde segundo rumores, o uso de óleo de baleia adicionado à argamassa lhes conferia maior resistência.







 Presentes estão também os azulejos Portugueses, bem como algumas peças decorativas como as que aqui são vistas no campanário da igreja da irmandade da boa morte, possivelmente procedentes de Macau.



O sorriso franco de D. Natalina carregado com sua história e de seus ancestrais, traduz a marcante presença do negro com sua identidade cultural, e a mistura de raças e valores culturais que emerge como fator determinante do rico acervo cultural do Reconcavo baiano. 


"O samba nasceu lá na Bahia, se hoje ele é branco na poesia, ele é negro demais no coração.", diz a música do poeta Vinícius de Moraes. O ritmo afro-brasileiro, o samba, teve como base o "samba de roda" que nasceu no Recôncavo baiano por volta de 1860 e lá é festejado. 

Quem desejar conhecer de perto, pode ir à Casa de Samba de Roda de D. Dalva, legítima representante dessa tradição tão bem enraizada na vida do povo do Recôncavo.